quinta-feira, 5 de abril de 2012

Extremamente Simples

Se o mundo é tão complexo, e se as pessoas são tão complexas quanto o mundo em que elas vivem, então porque existe a tendência de tentarmos simplificar tanto as coisas? Ou melhor, porque será que damos preferência àquilo que é mais simples? Graças à simplificação de tudo é que surgem os extremos. O bem e o mal. O certo e o errado. E é isso que não consigo compreender; afinal de contas, não é estranho tentar simplificar o complexo só para compreendê-lo? Ninguém pode ser 100% bom ou 100% mau. Nem um psicopata e nem um santo são capazes de ficar entre essas linhas extremistas, mas mesmo assim, nossa visualização do mundo parece capaz de só compreender o ponto A e o ponto B, ignorando qualquer coisa entre eles.

Essa deveria ser só mais uma desilusão comum para entrar na coleção desse blog, mas aí então eu vi um vídeo aqui que me fez abrir a mente para esse assunto. Não vou entrar nos detalhes do vídeo, porque ele é totalmente explicativo e bem feito, dispensando comentários. Trata-se da chamada mente descontínua, que em resumo, diz que o ser humano tem uma séria dificuldade em enxergar um processo de mudança. Ele capaz de ver a mudança depois que a mesma aconteceu, mas nunca durante o processamento da mesma.

Simplificando...

Antes eu era perito em me perder em qualquer lugar, em andar em círculos e não conseguir memorizar um caminho novo. Quando eu ia para São Paulo, meu senso de direção parecia perder todo o conceito lógico e me fazer agir como um retardado que olha para todas as placas e vê apenas textos árabes querendo me dizer algo. Foi então que meu pai me deu uma dica muito simples e valiosa: pegue referências.

A partir de então, o mais importante para mim não era mais tentar compreender a minha localização em si, e tão pouco tentar decorar um guia ou as direções que via em um mapa qualquer. Apliquei a técnica de usar os pontos de referência por onde eu passava, e alguns distantes para saber onde eu ia. Confesso que colocar essa ideia em prática parecia fácil, mas não via resultado algum, simplesmente porque eu me esquecia das referências logo depois.

O que quero dizer com isso, é que até mesmo uma simples mudança de conceito não é tão simples assim. A mente leva um tempo para colocar tudo o que sabe na teoria em prática, e muita vezes ela é preguiçosa em fazer isso e acaba se pondo à deixar sempre para depois. Mas um tempo depois, que não tem como você calcular exatamente o quanto, você usa um referencial de uma época antiga de sua vida para declarar uma clara mudança. O processo de mudança parece não existir, mas de fato, ele foi o mais importante para que você partisse do ponto A para o B.

É a mesma coisa que acontece com o aprendizado de um novo idioma. Você começa a pegar os primeiros conceitos que até então não fazem sentido algum, e meses depois, mesmo sabendo alguma coisa, é pouco. Dá impressão que será impossível falar outro idioma como um nativo, até que o tempo avança cada vez mais, e sua persistência cria a diferença. Novamente você usa como referência para saber o quanto mudou olhando para aquele ponto do passado em que iniciou o aprendizado. Você de fato aprendeu, mas não sabe dizer exatamente o dia em que aprendeu. E não houve um dia em que aprendeu, houve um tempo. E o ser humano não tem (infelizmente?) a capacidade de enxergar tão bem essa quarta dimensão.


Gameficando...

Confesso que já tentei aplicar a regra da simplificação máxima na minha vida, e falhei magistralmente. Pensei em usar regras vistas em jogos de RPG que tornam a evolução de seu personagem lenta, mas ao mesmo tempo visível. Por exemplo, tudo o que você fizer na sua vida irá gerar pontos de experiência. Então você decide viajar para um outro estado, e quanto maior a dificuldade em fazer isso, maior a experiência adquirida. Mas só funciona pela primeira vez, porque se viajar para o mesmo estado novamente, sua experiência será reduzida.

A ideia em si seria imaginar que tudo o que você está fazendo diferente está gerando pontos de experiência, e quando acumular uma quantidade X de pontos, então você passa de nível e evolui. Daí as dificuldades viram desafios, que por sua vez viram diversão. Seus problemas passam a se tornar os inimigos que deve vencer para ganhar mais e mais experiência.

Eventualmente um mesmo inimigo poderá aparecer novamente, mas aí você já sabe como vencê-lo, e muitas vezes nem vale a pena perder mais tempo com ele, já que para continuar seu processo de evolução, é necessário encontrar novos inimigos. Fazer grinding na vida real serve apenas para deixar o tempo passar. Mas na vida real o tempo sempre será seu único referencial, onde ficar parado esperando por mudanças sem lutar com novos inimigos é inutilidade.

Conclusão

O ser humano deve ser o único animal capaz de ter uma urgência em complicar a vida. Parte dessa complicação é o desejo de criar conceitos inexistentes sobre o tempo. Acreditamos que o tempo sempre estará lá nos evoluindo, mas esquecemos que o processo de evolução não é causado pelo tempo, e sim por nossa atuação no tempo.

Nesse exato segundo, você pode olhar para o passado e fazer uma breve reflexão sobre onde estava há 5 anos atrás e onde está hoje. Se de repente estiver no mesmo lugar (não no aspecto físico, mas evolutivo) então saiba que está fazendo tudo errado. Cinco anos é uma média de tempo razoável para que possamos passar de nível na vida, então se parte de seus sonhos, ideais e objetivos não aconteceram nesses últimos cinco anos, reveja-os. E para passar de nível, nada melhor do que encontrar o caminho que lhe coloque mais desafios, e com isso, traga mais experiência e permita fazê-lo olhar para daqui exatos 5 anos e dizer que está em um nível diferente.

Para ajudar: Criar hábitos mudam a forma de pensamento, que por sua vez irão mudar suas emoções sobre aquilo que esta pensando de forma diferente. Essas emoções obrigarão você a fazer ações diferentes das atuais. Agora sabendo que as ações criam resultados diferentes, creio que todo o processo complexo da vida pode ficar extremamente simples a partir de agora.


Que tal fazer uma mini-cápsula do tempo aqui? Diga seu nível atual, e onde planeja estar daqui a cinco anos. Evoluir é bom, mas com alguma fonte de motivação, isso nem se compara. Vou deixar alguns posts antigos aqui, para provar como eu fui na contramão do que disse e consegui perder níveis ao longo dos anos.


Acaso vs. Destino →  Post anterior para analisar dois conceitos.
Dança de Salão [5] → O dia em que comecei minha evolução.
Escolhas Um desincentivo a fazer sua escolha nesse instante.
Jaskon Meu herói de quanto tinha 6 anos, e estava no nível -5

Um comentário:

  1. Bom, vou fazer minha mini cápsula do tempo rs

    Acho que estou num nível bem baixo ainda, meus objetivos e sonhos ainda nem começaram a acontecer, mas vamos lá, vou listar os 10 mais aqui:

    1º Quero terminar a facul (xD)
    2º Arrumar minha vida pessoal (Tá uma bagunça)
    3º Continuar os estudos (Pós ou outro curso)
    4º Mudar da casa da minha mãe para uma minha
    5º Dirigir (inclui comprar um carro/moto e tirar a carta)
    6º Conquistar independência real (moradia, emprego e locomoção, o que depende de alguns objetivos anteriores)
    7º Tornar-me alguém com quem as pessoas gostem de estar
    8º Escrever um livro (teórico)
    9º Escrever um livro (fictício)
    10º Cumprir os objetivos anteriores (XD)

    Enfim, esse é o Top 10 de hoje, amanhã um deles pode ter mudado, mas até agora só estou perto de conseguir o primeiro xD

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